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Foto do escritorVinicius Andrade

INVESTINDO NA INFRAESTRUTURA DO PAÍS



O que você acharia de investir em um ativo onde o seu ganho é 100% isento de imposto de renda no ganho de capital e no dividendo? E ainda ajudar com os seus recursos a formar a infraestrutura do seu país?


É o caso dos fundos de investimentos em infraestrutura, que vou detalhar mais nesse artigo.


Os FI – Infra (Fundos de Investimentos em Infraestrutura) seguem o mesmo racional dos FIIs (Fundos de Investimento Imobiliário), com algumas diferenças. É um fundo gerido por uma gestora/gestor, que alocará os recursos captados de investidores (também chamados de cotistas) em projetos de infraestrutura, seja por meio de dívida, utilizando ativos de renda fixa como as debêntures, ou via equity (participação acionária) em empresas e projetos do setor.


O setor de infraestrutura engloba diversos segmentos, ampliando as possibilidades e oportunidades de investimentos. Sendo eles, água/saneamento, portos, transmissão de energia, geração eólica, geração hidrelétrica, rodovias etc. Podendo existir fundos focados em investir em um segmento ou vários. Mais adiante vou deixar alguns exemplos como de costume.


Os fundos de infraestrutura são relativamente novos ganhando espaço em meados de 2019, mas estão se consolidando a uma velocidade alta, por conta dos incentivos que o governo concede isentando o imposto de renda nos dividendos e no ganho de capital. Além disso, o Brasil infelizmente ainda é um país que carece de infraestrutura em algumas áreas, sendo saneamento o exemplo mais famoso, onde quase metade da população não tem acesso a água tratada e esgoto, causando diversos problemas sociais e de desenvolvimento. Assim apresentando oportunidades de investimento com expectativas de retorno considerável.


COMO FUNCIONAM?


Embora os fundos de infraestrutura invistam em renda fixa e/ ou renda variável, ainda sim são considerados ativos do segmento de renda variável, devido as cotas serem negociadas em bolsa. Elas acabam ficando expostas a lei de oferta e demanda, causando uma variação no recurso do investidor. É importante ressaltar que nesses fundos não existe um indexador específico de remuneração, por exemplo, IPCA, % CDI, etc. Existindo apenas três formas de o investidor ser remunerado, que são ganhos de capital, dividendos e amortizações.


Os ativos que os fundos investem são indexados, trazendo assim retorno para o fundo através de pagamento de juros ou aumento do valor de mercado.  


Nós encontramos esses fundos no home broker colocando o ticker de identificação com o final ‘’11’’, muito parecido com os fundos imobiliários.


É importante explicar que os fundos de infraestrutura em sua maioria são constituídos na forma de ‘’condomínio fechado’’, o que significa que no início da atividade do fundo o cotista deposita o recurso e caso no futuro o mesmo queira o dinheiro de volta, não será possível pedir o resgate para o fundo, mas sim, vender as suas cotas no mercado pelo preço vigente, podendo incorrer um prejuízo ou ganho. Por isso é importante estar atento a liquidez de mercado em que o fundo é negociado, sendo um valor interessante acima de R$ 1.000.000,00 por dia, ou seja, dentro do período de um dia, as negociações entre compra e venda devem ser próximas a esse valor. Mas quero te tranquilizar, pois a maioria dos fundos de infraestrutura negociados no mercado possuem uma boa liquidez e que dependendo do volume financeiro que você invista, irá conseguir comprar e vender tranquilamente. A liquidação dos ativos ocorre em D+2 (dia da solicitação de compra ou venda + 2 dias úteis para realização da ordem).


Abaixo deixo uma tabela elabora pelo BTG Pactual contendo mais detalhes característicos dos fundos de infraestrutura:




BENEFÍCIOS DOS FUNDOS DE INFRAESTRUTURA


Como destaquei no início deste artigo, os fundos de infraestrutura são incentivados pelo governo proporcionando a isenção total de imposto de renda para o investidor pessoa física, no recebimento dos rendimentos (dividendos) e no ganho de capital, quando ocorre a venda das cotas no mercado. Isso porque os ativos que esses fundos investem também são isentos de IR.


Outro benefício é poder acessar ativos normalmente não disponíveis para investidores de varejo.


A diversificação proporcionada por estes fundos também é um ponto interesse porque com poucos recursos o investidor consegue acessar uma carteira formada por diversos ativos, seja de renda fixa ou equity. Citando um exemplo, atualmente o JURO11 da gestora Sparta, que é um fundo de infraestrutura que investe em debêntures (títulos de dívidas de empresas não financeiras), possui um portfólio amplamente diversificado de 104 debêntures, até o momento em que escrevo esse artigo. Agora pense o seguinte, seria muito complicado para o investidor comum conseguir montar uma carteira de debênture diversificada como o fundo JURO11, fazendo a mesma diligência e análise das empresas como a Sparta faz.



QUAIS AS PRINCIPAIS ESTRATÉGIAS?


Os fundos de infraestrutura possuem basicamente duas estratégias, sendo elas, dívida e equity. Não impedindo que o mesmo fundo possua uma estratégia mista em seu portfólio.


É importante entender do que se trata cada estratégia, pois nos ajuda quando estivermos compondo o nosso portfólio e buscando uma diversificação saudável da carteira. É interessante ter na carteira fundos das duas estratégias.


Fundos listados de dívida: São fundos que investem em ativos de crédito ligados ao setor de infraestrutura, como as debêntures incentivadas. Explicando rapidamente esse ativo, são títulos de dívidas de empresas não financeiras, e que nesse caso são ligadas ao setor de infraestrutura, por exemplo, uma companhia de saneamento que emitiu uma debênture no mercado para arrecadar fundos em investir na sua expansão ou operação. O fundo de infraestrutura irá analisar essa debênture, olhando a relação risco e retorno, fazendo sentido é incluído no portfólio.


A tendência é que os fundos de infraestrutura sejam mais estáveis em termos de volatilidade, devido a previsibilidade que os ativos em que investem proporcionam, pois há um cronograma pré-definido de pagamento de juros e amortizações.


É importante estar atento a qualidade de crédito dos ativos que os fundos investem, procurando evitar uma exposição muito alta em fundo que tenha um portfólio concentrado com até 20 ativos e um percentual alto a um emissor. Porque caso ocorra default na dívida pela empresa, o fundo pode sofrer serias perdas, isso caso não tenha estruturado boas garantias.


No início o ideal é que se preze por um fundo com um portfólio mais pulverizado, sendo um bom número acima de 40 debêntures. Com isso, fica difícil um fundo deter uma exposição grande em um só emissor, e caso ocorra um problema de crédito, o fundo é pouco afetado. Hoje conseguimos encontrar fundos com mais de 100 ativos na carteira.


Um conceito importante é o de High Grade, Middle Risk e High Yield. Cada um significa o nível de rendimento que a carteira de ativos de crédito entrega ao investidor, olhando a média de rendimento ou cada ativo em si. Explicando melhor, o fundo com ativos high grade (alta qualidade), possui ativos com melhores notas de crédito, empresas mais sólidas e em setores menos arriscados. Logo, por ser menos arriscado investir nesses ativos, onde o risco de crédito teoricamente é menor, a remuneração dada por um indexador de rentabilidade será mais baixa do que ativos de maior risco de crédito. Ou seja, um fundo que detém em seu portfólio ativos high grade, tende a ser menos arriscado.


Já os fundos de middle risk (risco médio), procuram ser mais diversificados possuindo ativos high grade e high yield em seu portfólio. Podendo entregar rentabilidade maior que os fundos que focam em ativos high grade.


E o conceito de high yield (alto rendimento) se aplica aos fundos que procuram alocar seus recursos em ativos de maior risco de crédito, sendo empresas com saúde financeira mais frágil, endividadas ou entrando em RJ (Recuperação Judicial). Tendo todos esses riscos, consequentemente o retorno oferecido será maior do que os ativos high grade, tendo o chamado Prêmio de Risco. Sendo assim esses fundos high yield tendem a pagar dividendos bem acima da média, o que pode chamar a atenção do investidor, que aloca seus recursos nesses fundos sem entender os riscos só pensando no alto dividendo que irá receber. Mas quando acontece um evento de inadimplência em uma empresa dentro do fundo e a cota desabada, acaba pegando desprevenido esse investidor.


Entendido isso, seria ideal que no começo da construção de uma carteira de fundos de infraestrutura, o investidor preze por fundo high grade e conforme for adquirindo mais experiência caminhe para os fundos high yield.



Fundos listados de equity: Os fundos de equity procuram adquirir participações societárias em empresas de capital aberto ou fechado, e o portfólio pode ser concentrado em um ou mais ativos. Os fundos de equity também possuem as mesmas isenções de IR no dividendo e no ganho de capital.


Esses fundos tendem a ter uma volatilidade maior na cota devido a dependerem do retorno dos projetos que o fundo esteja investindo. Mas pode variar de acordo com o perfil dos ativos. Se forem ativos mais estáveis como redes de transmissão de energia, que possuem receitas mais previsíveis, contratos de longo prazo, serão dificilmente afetadas pelo nível de atividade econômica. A cota tende a ser mais estável e o dividendo mais recorrente e crescente ao longo do tempo.


Abaixo vou deixar dois exemplos de fundos de equity em infraestrutura.



BRZP11 (BRZ Infra Portos)



BDIV11 (BTG PACTUAL INFRA DIVIDENDOS)



QUAIS OS PRINCIPAIS SETORES?


As opções de setores para investir em infraestrutura é bastante vasta, sendo muito comum ter fundos focados em um setor, ou ser mais diversificado, que seria o caso dos fundos de dívida.


Devido ao Brasil ter uma infraestrutura que ainda precisa ser melhor desenvolvida, conseguimos achar bons investimentos a boas taxas de retorno.


Abaixo deixo uma figura detalhando quais são os setores disponíveis para se investir e os pontos principais que devem ser acompanhados antes e depois de fazer o investimento.



QUAIS SÃO OS RISCOS?


Antes de iniciar qualquer investimento, é de extrema importância entender os riscos que você pode estar correndo naquele ativo.


Riscos de Liquidez: Por mais que os FI-Infra sejam negociados em bolsa e o comum é que tenham boa liquidez, pode ser que com alguns fundos a liquidez seja baixa, incorrendo em dificuldades de vender ou comprar as cotas. Isso acontece com fundos que estão começando a ser negociados no mercado e ainda não são amplamente conhecidos, mas com o passar do tempo tende a mudar.


Mas caso for fazer aportes menores, é bem provável que você consiga realizar a compra e a venda tranquilamente.


Riscos de crédito: O risco de crédito é mais aplicável aos fundos de infraestrutura que investem em crédito privado, as chamadas debêntures. Quer dizer que caso alguma empresa emissora desse crédito privado fique inadimplente, pode incorrer em perdas para o fundo pois não terá mais aquele fluxo de caixa originado do pagamento de juros da empresa. Isso prejudica o valor do dividendo pago mensalmente e também no valor da cota negociada a mercado.


Por isso é importante ficar atento aos três conceitos que expliquei acima, High Grade, Middle Risk e High Yield. Sendo os fundos high yield com maior risco de crédito.


Risco de projeto: O risco de projeto significa que a empresa pode enfrentar atrasos, aumentos de custos ou falhas na operação, que pode afetar o retorno futuro esperado daquele projeto, prejudicando as projeções de pagamento de dividendos e consequentemente derrubando o valor da cota negociada a mercado.


Sendo assim é importante analisar o histórico do fundo e a capacidade dos gestores em estar executando aquele projeto.


Risco regulatório: O risco regulatório é um dos mais difíceis de se prevenir porque não temos como prever o surgimento de novas regulações ou mudanças na lei. Devido a falta de previsibilidade e segurança jurídica que o Brasil possui.


É importante não se desesperar nesses momentos e vender as cotas do fundo a qualquer preço, devemos entender o que está acontecendo para saber se não é um boato ou fala de uma figura política. Caso for realmente uma mudança na regulação, devemos analisar qual será a tomada de decisão do fundo e o quanto pode ser afetado.


EXEMPLOS DE FUNDOS DE INFRAESTRUTURA


Abaixo deixo alguns exemplos de fundos de infraestrutura negociados no mercado que talvez possa te ajudar a saber por onde começar.


  • BODB11;

  • BDIF11;

  • BRZP11;

  • CPTI11;

  • INFB11;

  • INFA11;

  • VANG11;

  • BIDB11;

  • IRIF11;

  • IFRI11;

  • JMBI11;

  • IFRA11;

  • KDIF11;

  • NUIF11;

  • OGIN11;

  • RBIF11;

  • RIFF11;

  • CDII11;

  • JURO11;

  • SNID11;

  • XPID11.


Agradeço por estar aqui lendo mais um artigo, é um prazer contribuir para o seu conhecimento. Se ficou alguma dúvida não hesite em me chamar.


Até o próximo artigo!

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