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5 REGRAS PARA O SUCESSO NO INVESTIMENTO EM AÇÕES

  • Foto do escritor: Vinicius Andrade
    Vinicius Andrade
  • 8 de abr.
  • 10 min de leitura

Atualizado: 8 de abr.

Neste artigo irei trazer 5 regras para o sucesso no investimento em ações citadas no livro ‘’The Five Rules for Successful Stock Investing – Morningstar’s Guide to Building Wealth and Winning in the Market’’ escrito por Pat Dorsey, investidor e gestor americano na Dorsey Asset Management e que foi diretor de pesquisa de ações na Morning Star, uma casa de análise de investimento americana fundada em 1984 por Joe Mansueto que existe até os dias de hoje.


Sendo assim, irei detalhar o que são essas 5 regras e trazer citações do próprio livro. Acredito que essas regras poderão te ajudar a fazer melhores escolhas de ações para investir. Então vamos a elas.


1.       Do Your Homework (Faça a Lição de Casa).

2.       Find Economic Moats (Encontre um Fosso Econômico)

3.       Have a Margin of Safety (Tenha uma Margem de Segurança)

4.       Hold for the Long Haul (Mantenha no Longo Prazo)

5.       Know When to Sell (Saiba Quando Vender)


DO YOUR HOMEWORK (FAÇA A LIÇÃO DE CASA)


O próprio autor ressalta que essa primeira regra parece óbvia, e que todo investidor irá estudar um investimento antes de fazer o primeiro aporte. Mas na prática não é o que acontece, principalmente com as ações, e um dos motivos é por conta do mercado acionário ser muito dinâmico e as ações serem extremamente líquidas onde você consegue entrar e sair com o apertar de um botão. E que sendo assim as pessoas se dão o luxo de não estudar o suficiente sobre a empresa que está por de trás daquele monte de sigla piscante na tela, acreditando ser o suficiente fazer uma breve interpretação do gráfico antes de comprar a ação.


Antes de fazer qualquer investimento em uma ação, deve-se ter uma dedicação em estudar sobre o negócio em que a empresa está, suas demonstrações financeiras, a concorrência, analisar os indicadores fundamentalistas (Margem Bruta, Margem Líquida, ROE, ROIC, Endividamento etc.) e entender se a ação está sendo negociada a um preço adequado.


Para isso, é mais fácil começar por empresas que estejam em setores que entendemos bem, ou seja, simples de compreender. No início é indicado evitar negócios mais complexos ou que sejam os mais recomendados por amigos, parentes, instituições ou pelo mercado em geral. Nesses negócios as probabilidades estarão contra você.


‘’Depois de ter as ferramentas, você precisa reservar um tempo para colocá-las em uso. Isso significa sentar e ler o relatório anual de capa a capa, verificar os concorrentes do setor e analisar as demonstrações financeiras anteriores. Isso pode ser difícil de fazer, especialmente se você estiver com pouco tempo, mas reservar um tempo para investigar minuciosamente uma empresa ajudará você a evitar muitos investimentos ruins.’’


FIND ECONOMIC MOATS (ENCONTRANDO FOSSO ECONÔMICO)


O fosso econômico é uma analogia com os castelos antigos que para se proteger de invasores faziam um enorme fosso envolta, quanto maior era esse fosso, maior era a proteção. Então, essa analogia é utilizada nos investimentos para descrever empresas que possuem vantagens competitivas perante a concorrência. Fortes economic moats são importantes pois a tendência em um mercado altamente lucrativo é a entrada de novas empresas competindo por um pedaço desse lucro, e as empresas que muitas vezes já estão estabelecidas, precisam estar em constante movimento procurando novas formas de se proteger.


Os tipos de vantagem competitiva (economic moats) que uma empresa pode ter são:


  • Barreiras de Entrada: É uma vantagem competitiva que traça uma alta barreira de entrada para novos competidores em determinado setor, o motivo pode ser que o setor é altamente intensivo em capital, burocrático e complexo. Por exemplo o setor de Mineração, Energia Elétrica ou Petróleo & Gás, são negócios que não são simples de montar e que não surge um novo competidor todos os dias. 


  • Custo de Troca: São empresas que possuem um modelo de negócio que impõem um alto custo de troca ao seu cliente depois que é conquistado, isso porque a complexidade de implantação da solução é muito alta e para o cliente se desfazer dessa solução para implantar a de um concorrente é muito caro e leva tempo, fazendo com que raramente faça e fique mais tempo com a empresa trazendo uma previsibilidade de receita.


    Um exemplo disso são as empresas de software que implantam determinado sistema no cliente, faz com que esse cliente se acostume com a solução e não pense tão cedo em trocar sendo resistente a qualquer outra oferta da concorrência.


  • Marca Forte: Algumas empresas ao longo de sua trajetória fazem um excelente trabalho na gestão da sua marca conquistando a fidelidade dos clientes adquirindo uma vantagem perante a concorrência. Obtendo algumas vantagens como reajuste de preço aumentando suas margens e gerando mais resultado no futuro. Empresas que fizeram isso muito bem é a Apple e a Coca-Cola que conseguiram conquistar uma enorme quantidade de fãs fiéis por muito tempo.


  • Patente: As patentes trazem uma forte vantagem competitiva para empresas de alguns setores que fazem um alto investimento em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), garantindo uma proteção contra concorrentes durante um tempo até que a patente seja quebrada ou produtos semelhantes sejam desenvolvidos. Empresas com esse tipo de vantagem competitiva normalmente são do setor farmacêutico e de tecnologia.


  • Escala: Uma empresa ter vantagem de escala quer dizer que ela consegue alcançar uma quantidade maior de clientes do que a concorrência, sendo mais eficiente e utilizando um novo modelo de negócio, conseguindo um menor custo, consequentemente aumentando suas margens e adquirindo uma maior fatia do mercado.


’Os fossos econômicos permitem que um número relativamente pequeno de empresas mantenha níveis de lucratividade acima da média por muitos anos, e essas empresas geralmente são os investimentos de longo prazo mais superiores.’’


‘’A chave para identificar fossos econômicos amplos pode ser encontrada na resposta a uma pergunta enganosamente simples: como uma empresa consegue manter os concorrentes afastados e obter lucros consistentemente gordos? Se você puder responder a isso, você encontrou a fonte do fosso econômico da empresa.’’


HAVE A MARGIN OF SAFETY (TENHA UMA MARGEM DE SEGURANÇA)


Aqui Dorsey ressalta a importância de se estabelecer uma margem de segurança no processo de avaliação do preço da ação, pois não podemos simplesmente aceitar qualquer preço que o mercado esteja nos oferecendo porque em alguns momentos o preço exigido pode estar muito alto, e se pagarmos um valor de negociação elevado pelas ações, provavelmente os retornos que iremos colher serão decepcionantes. De acordo com ele o objetivo de qualquer investidor deve ser comprar ações por menos do que elas realmente valem.


A diferença do preço de mercado para a nossa estimativa de valor justo seria a margem de segurança. Explicando melhor esse ponto, vamos supor que você esteja estudando uma empresa e que no final você acabou concluindo que ela realmente vale o preço em que está sendo negociada no mercado com seus patamares de múltiplos e tudo mais. A margem de segurança atua exatamente nessa parte, pois você pode estar correndo o risco de estar pagando um preço alto demais devido ao forte otimismo que o mercado esteja projetando para a empresa, e para diminuir esse risco é estabelecido um percentual sobre o preço da ação, como por exemplo 20%. Na prática você compraria a ação quando ela atingisse sua margem de segurança.


Outra maneira simples de avaliar se você está pagando um preço adequado pelas ações é utilizar a relação Preço/Lucro (indica quanto tempo demorará para você obter de volta o valor em que investiu considerando o patamar atual de lucros) histórica da companhia de 5 ou 10 anos. Se a relação P/L da companhia esteve por exemplo numa média de negociação de 15x e 30x, e a companhia atualmente está em um patamar acima disso, muito provavelmente você pagará na extremidade de preço de negociação. Para isso se justificar tem que ter uma certa confiança de que a companhia se sairá melhor do que nos últimos anos, e caso não acontecer, o mercado irá descontar essa quebra de expectativa no preço da ação ocasionando em grandes perdas para quem a comprou no pico.


‘’A principal coisa a lembrar agora é simplesmente que se você não usar disciplina e conservadorismo para descobrir os preços que está disposto a pagar por ações, você acabará se arrependendo. A avaliação é uma parte crucial do processo de investimento.’’


HOLD FOR THE LONG HAUL (SEGURE POR UM LONGO TEMPO)


Nesta regra Dorsey reforça a importância de tratar a compra de ações como um compromisso de longo prazo e que a negociação de curto prazo é um jogo de perdedor, pois os custos com corretagem e impostos começam a pesar sobre os retornos no caso de um giro excessivo. Ele explica que cada dólar gasto de forma desnecessária em comissões ou impostos deixa de ser composto no longo prazo, fazendo com que você renuncie possíveis retornos que esse recurso teria.


KNOW WHEN TO SELL (SAIBA QUANDO VENDER)


O ideal é ficar com as nossas ações durante longos anos sem realizar qualquer venda, mas a realidade é que poucas empresas valem a pena manter por longos períodos devido a diversos fatores que na maioria das vezes são internos a companhia. Sendo assim, Dorsey ressalta que saber quando sair de um investimento é tão importante quanto saber o momento de comprar. E que o correto é monitorar constantemente as empresas que você possui doque olhar 20 vezes no dia o quanto a ação subiu ou desceu. Mas antes de dizer em que momento deve-se vender uma ação é importante dizer quando não se deve vender.


Quando a ação cai:  A oscilação de curto prazo dos preços das ações não transmite nenhuma informação realmente útil, porque elas podem ir para qualquer direção por razões completamente aleatórias e que no final vão dizer muito pouco sobre a qualidade do investimento feito na empresa, visto que os fundamentos da companhia não oscilam na mesma intensidade que o preço de suas ações. Ao contrário do desempenho de longo prazo da ação, que acompanha os resultados gerados pela companhia, e que é onde sua atenção deve estar.


Passado o ponto sobre quando não vender uma ação vamos agora discutir os fatores que podem fazer sentido vender.


Você cometeu um erro: Inevitavelmente em algum momento iremos cometer algum erro de análise em determinada empresa, e os motivos podem ser os mais variados, como por exemplo, ter pensado que a diretoria pudesse fazer uma boa alocação de capital ou recuperação dos resultados, subestimado a força da concorrência e a capacidade da empresa em aproveitar oportunidades de crescimento. Dorsey ressalta que não importa qual tenha sido o erro, raramente vale a pena manter uma ação que foi comprada por um motivo que agora não é mais válido. O conselho é realizar parte ou totalidade das perdas e partir para a próxima.


Os fundamentos se deterioraram: Ao longo do tempo as empresas na qual você investiu podem começar a ter uma deterioração de seus fundamentos, ou seja, os números da empresa pioram, a concorrência toma cada vez mais espaço e a companhia começa a perder mercado. Sendo assim a empresa não é mais a mesma que você investiu no passado e não é visto uma perspectiva de melhora, dado tudo isso pode ser que seja uma boa hora de vender suas ações. 


A ação subiu muito acima do seu valor intrínseco: Ao longo da sua jornada como investidor poderá vivenciar momentos em que o mercado supervalorize as suas ações, a um certo ponto em que elas estejam em um preço muito acima do seu valor intrínseco, impossibilitando que você faça novos aportes nessa ação porque ela poderá estar cara demais e então provavelmente não será a melhor alocação do seu capital. Esses podem ser um bom momento para realizar a venda dessas ações de forma parcial ou total, alocando o recurso da venda em uma outra oportunidade aparente. 


Existe algo melhor que você possa fazer com o dinheiro: Aqui se trata de um conceito em economia chamado Custo de Oportunidade, onde perante uma decisão, você renuncia algo em troca de outro algo, e que o custo dessa decisão é abandonar o possível investimento que seria feito. E no mercado de ações acontece a mesma coisa, com a identificação de outra ação que possui um retorno potencial maior ou apresenta um desconto considerável, fazendo sentido vender a ação que está no seu portfólio de forma parcial ou 100% do valor para entrar nesta oportunidade. 


Você tem muito dinheiro em uma ação: Neste ponto Dorsey ressalta a melhor razão de todas para se vender uma ação, que é quando você acaba ficando muito exposto em uma determinada ação, seja porque você fez a lição de casa, acertou no investimento e acabou ficando muito exposto ou porque não foi muito prudente e acabou fazendo um aporte muito alto. A regra que ele traz é a seguinte, se um único ativo for mais de 10% a 15% do seu portfólio de investimentos, não importa o quão sólido seja o ativo e suas perspectivas, será a hora de pensar em reduzir a posição.  Abaixo deixo todo trecho do livro em que ele trata sobre esse ponto, acredito valer a pena toda a leitura.


‘’Esta é a melhor razão de todas para vender, porque significa que você fez algo certo e escolheu um vencedor. A chave é não deixar a ganância atrapalhar a gestão inteligente do portfólio. Se um investimento for mais de 10% a 15% do seu portfólio, é hora de pensar muito sobre reduzi-lo, não importa quão sólidas sejam as perspectivas da empresa. (Essas porcentagens são um guia aproximado — você pode se sentir confortável com mais dinheiro em uma única ação ou pode querer ser mais diversificado.) Simplesmente não faz sentido ter muitos ovos na mesma cesta.’’


No final de cada capítulo Dorsey deixa um checklist sobre o capítulo resumindo o que foi discutido, na qual deixo abaixo para você poder conferir e aprender com as palavras dele.


  • O investimento bem-sucedido depende de disciplina pessoal, não de a multidão concordar ou discordar de você. É por isso que é crucial ter uma filosofia de investimento sólida e bem fundamentada.


  • Não compre uma ação a menos que você entenda o negócio de cabo a rabo. Tirar um tempo para investigar uma empresa antes de comprar as ações ajudará você a evitar os maiores erros.


  • Concentre-se em empresas com amplos fossos econômicos que podem ajudá-las a afastar os concorrentes. Se você puder identificar por que uma empresa mantém os concorrentes afastados e gera consistentemente lucros acima da média, você identificou a fonte de seu fosso econômico.


  • Não compre uma ação sem uma margem de segurança. Manter uma disciplina de avaliação rigorosa ajudará você a evitar estouros e melhorar seu desempenho de investimento.


  • Os custos de negociação frequente podem ser um grande obstáculo ao desempenho ao longo do tempo. Trate suas compras de ações como grandes compras e mantenha-as por um longo prazo.


  • Saiba quando vender. Não venda só porque o preço subiu ou desceu, mas pense seriamente se uma das seguintes coisas aconteceu: você cometeu um erro ao comprá-lo em primeiro lugar, os fundamentos se deterioraram, a ação subiu bem acima de seu valor intrínseco, você pode encontrar melhores oportunidades ou ela ocupa muito espaço em seu portfólio.


Espero que este artigo ajude você investir melhor em ações e se caso restou alguma dúvida não deixe de me contatar.


Nos vemos no próximo artigo!


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